A residencia médica em Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo é credenciado pela Comissão Nacional de Residência Médica, sob número 36/95. Tem duração de três anos e uma carga horária de 2880 horas por ano, sendo 24horas semanais de plantão. Ainda há um quarto ano optativo na área de crânio maxilo facial.
Como o serviço de otorrinolaringologia gira em torno de três grupos básicos: otologia, bucofaringolaringologia e rinologia, os residentes passam por estágios em cada um desses grupos, de forma que sempre há residentes de todos os anos concomitantemente em cada estágio.
O primeiro ano de residência é voltado para a aquisição de conhecimentos gerais de otorrinolaringologia, incluindo fisiologia e anatomia, instrumentação cirúrgica e exame e propedêutica otorrinolaringológicos. Sendo assim, os residentes de primeiro ano do grupo de otologia aprendem a instrumentar cirurgias otológicas, a realizar exames de audiometria e otoneurológico e a conduzir pacientes com doenças que envolvem essa área, como otites, tumores de osso temporal, paralisia facial periférica e surdez. Além de tudo isso, os residentes têm contato com tratamentos de ponta para a surdez, como implantes colceares e de tronco, BAHA, e, em breve, próteses auditivas totalmente implantáveis.
No primeiro ano, as atividades dos residentes do grupo de bucofaringolaringologia envolvem a aquisição de conhecimentos sobre tumores dessa área, apnéia do sono, voz e disfagia, só para citar alguns. Nesse estágio, os residentes também aprendem a diagnosticar e tratar cirurgicamente as patologias do Anel Linfático de Waldeyer.
No grupo de rinologia, os residentes de primeiro ano entram em contato com as principais patologias dessa área, como desvios septais, rinite, polipose, tumores nasais benignos e malignos e assim por diante. Além disso, também aprendem os conceitos gerais de instrumentação de cirurgias do nariz e seios paranasais.
Ao longo dos dois anos seguintes, os residentes aprendem melhor a tratar cirurgicamente as diversas patologias e aprofundam os conhecimentos já adquiridos, tanto práticos, como teóricos.
Adicionalmente, os residentes participam de Reuniões de Grupo, nome dado a verdadeiras juntas médicas, muitas contando com vários professores e assistentes, em que os casos potencialmente cirúrgicos são discutidos pelo grupo, sempre se buscando a melhor solução para o paciente. Tais reuniões são uma ferramenta importante de ensino, uma vez que reúnem opiniões de grande expertise e muitas vezes divergentes, de forma que o residente desenvolve também o senso crítico e aprende a enxergar as patologias sob diversos pontos de vista. Dessa forma, existem as Reuniões do Ouvido, da Voz, da Boca, da Disfagia, da Amigdala, do Ronco, da Rinite, do Nariz e assim por diante. Também existem as reuniões pós operatórias. Seguem o mesmo molde das reuniões de grupo, porém nessas são discutidos os casos já submetidos à cirurgia, sendo também divididas por grupo.
Todas as quartas-feira, no período da manhã, também acontece a reunião geral da Clínica Otorrinolaringológica. Nesta, são abordados temas variados, não apenas relacionados à prática de nossa especialidade. São realizadas também discussões de casos clínicos, apresentados por nossos residentes e discutidos por professores e assistentes desta clínica e de outras instituições do Brasil e de outros países, através de teleconferências.
Ao longo dos três anos, os residentes também fazem plantões diurnos e noturnos no PS da Otorrino do Hospital das Clínicas. Os plantões incluem atendimentos clínicos, pequenos procedimentos e procedimentos cirúrgicos de urgência e emergência.
Outra importante atividade dos residentes são as práticas de dissecção. Estas são realizadas no Instituto Médico Legal / SVO de São Paulo que situa-se em frente ao Hospital das Clínicas. Nestas dissecções são realizados treinamentos de cirurgia endoscópica nasossinusal e cirurgia cérvico – facial. Além disso, os residentes dispõe do Laboratório de Investigações Médicas da otorrinlaringologia na FMUSP (LIM 32) e do Laboratório de Habilidades Cirúrgicas, onde são realizadas as dissecções de ossos temporais e treinamento de microcirurgia de laringe, entre outras arttividades.
No segundo ano de residência, existe um estágio de três meses no Hospital Universitário da USP, hospital secundário que reúne, portanto, casos de menor complexidade que o Complexo do Hospital das Clínicas.
No terceiro ano de residência, há um grande contato com a Cirurgia Plástica de Face do Serviço de Otorrinolaringologia, ocasião em que os residentes aprendem a conduzir e tratar cirurgicamente casos de deformidades faciais.
|